SHERLOCK HOLMES - O velho solar de Shoscombe
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- 23 de mai. de 2024
- 24 min de leitura
Sinopse: Um Homem atormentado por dívidas e pela perda de um parente de grande importância, levando-o a realizar ações questionáveis e extravagantes para evitar a falência. Surge a questão: conseguirá nosso estimado SHERLOCK HOLMES desvendar os planos que ele está tramando?

Sherlock Holmes estivera durante muito tempo inclinado sobre um microscópio de baixa potência. Depois endireitou-se e olhou triunfante para mim.
— É cola, Watson — disse ele. — Não há a menor dúvida. Dê uma olhadela neste material espalhado na lâmina!
Curvei-me sobre o aparelho e foquei-o para a minha visão.
— Aqueles pelos são fios de um casaco de casimira. As massas irregulares cinzentas são pó. À esquerda, escamas epiteliais. Aquelas bolhas escuras, no centro, são certamente cola.
— Bem — sorri —, estou pronto a acreditar em sua palavra. Há alguma relação entre isso e o caso?
— Trata-se de uma ótima demonstração — respondeu ele. — No caso St. Pancras, você deve se lembrar que foi encontrado um gorro ao lado do policial morto. O acusado nega ser dele o gorro. Mas faz molduras para quadros, e, portanto, mexe habitualmente com cola.
— É um dos seus casos?
— Não. Meu amigo Merivale, da Yard, pediu-me que lhe desse uma ajuda. Desde que pus as mãos naquele moedeiro falso, por meio das limalhas de zinco e de cobre encontradas na costura do punho de sua camisa, eles começaram a perceber a importância do microscópio. — Consultou com impaciência o relógio. — Esperava a visita de um novo cliente, mas ele se atrasou. Por falar em cliente, Watson, você entende alguma coisa de corridas de cavalos?
— Devo entender. Contribuo para elas com metade da pensão que recebo por meu ferimento.
— Então ficará sendo o meu Manual prático do turfista. Que me diz de Sir Robert Norberton? Esse nome lhe lembra alguma coisa?
— Parece-me que sim. Mora no velho Solar de Shoscombe, lugar muito meu conhecido, porque antigamente eu passava lá o verão. Norberton uma vez quase caiu em sua rede.
— Como assim?
— É que uma ocasião ele chicoteou Sam Brewer, o conhecido agiota da Curzon Street, em Newmarket Heath. Quase matou o homem.
— Ele é dado a tais façanhas?
— Pelo menos tem fama de homem perigoso. É o cavaleiro mais temerário da Inglaterra, e ganhou há tempos o segundo lugar no Grande Prêmio Nacional. É um desses homens que se anteciparam à sua verdadeira geração. Devia ter sido uma almofadinha na época da Regência: pugilista, atleta, grande apostador do turfe, galanteador de belas damas, e, segundo consta, embrenhou-se por vielas tão tortuosas que talvez jamais encontre o caminho de regresso.
— Magnífico, Watson! Um quadro pequeno, mas completo. Parece-me até que já conheço o homem. E agora você é capaz de me dar uma ideia do velho Solar de Shoscombe?
— Sei somente que fica no centro do Shoscombe Park, e que lá está situada a famosa coudelaria e o não menos famoso campo de treinos.
— E o treinador-chefe — disse Holmes — é John Mason. Não precisa se mostrar surpreso com os meus conhecimentos, Watson, pois isto que estou desdobrando é uma carta dele. Mas vamos saber mais alguma coisa a respeito de Shoscombe. Parece-me que vim dar com um belo filão.