O QUINTO MORADOR
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- 7 de nov. de 2023
- 22 min de leitura
Atualizado: 5 de jun. de 2024
Sinopse: Baseado em assustadores fatos reais, O Quinto morador vai te colocar ao lado da família de Lourenço em uma série de ocorrências apavorantes que nunca puderem ser provadas, mas que foram vividas por todos aqueles que ousaram viver entre as paredes da casa de madeira, aquela perto do salgueiro.
O caminhão azul celeste contratado para a mudança era bem mais velho do que eu havia pensado. Não havia sequer um pneu que não estivesse careca e a carroceria estava bem danificada; parte dela era amarrada com corda para que não abrisse.
Madeira apodrecida e descolorida pelo tempo e pela falta de cuidados.
Estranho era que aquilo ainda andasse.
A condenável máquina de transporte estacionou bem em frente da casa de madeira.
Como não havia calçada, ela conseguiu parar bem na direção da porta de entrada quase atropelando as latas de óleo de 50 litros que estavam sendo usadas como jardineiras. Mania comum do interior.
Se pudessem gritar de horror, as secas samambaias abandonadas no alpendre, o teriam feito.
Era tardezinha de algum dia nublado da semana que eu não me lembro qual era.
Eu estava bem cansado, mas ainda disposto.
Mudar de casa já era um empreendimento, mas com filhos pequenos dobrava-se o empenho.
Eu era regente da Igreja Presbiteriana. Ensaiava os corais e orquestras para apresentações dominicais e especiais, como Natal e Páscoa. Estava sempre a frente de algum trabalho deste gênero.
Sempre fui dedicado e muito certinho e isto, já tinha sido até motivo de chacota.
Na cidade onde eu morava com a minha família antes de mudar-me, eu era conhecido por ser muito correto. Me davam até apelidos por conta disto: Sr. Certinho, Honestino, O corretíssimo.
Quase todos se lembram que, certa vez, em que eu estava vendendo legumes e hortaliças na feira local, uma compradora ansiosa me perguntou se o alface estava fresco e eu retruquei dizendo que aquele ali não estava fresco, não. Já estava velho.